Em meu processo de amadurecimento
cada vez fica mais claro que para mim a ordem do dia é ter conversações
corajosas. O que são conversações corajosas? Todas aquelas conversações que
precisamos ter conosco mesmo ou com os outros e que vamos adiando por uma série
de razões.
Razões internas e externas (
estas e muitas outras sempre fundamentadas nos nossos medos): medo de nos
machucarmos ao enxergarmos a verdade que
pode doer, medo de perdermos a a autoimagem que demorou tanto tempo para ser construída,
medo de perdermos a imagem que o outro tem de nós (duplo engano), medo da reação do outro à nossa conversação
corajosa, medo de perdermos amigos, de perdermos relacionamentos e assim por
diante. Às vezes até medo do medo de não sabermos como falar com o outro.
No entanto, no dia-a-dia tenho
descoberto dois caminhos que funcionam muito bem para mim. Ser verdadeiro na expressão
de meu sentir e ser amoroso ao ter conversações corajosas comigo mesmo e com o
outro.
Ser verdadeiro não significa ser
o dono da verdade, mas estar bem consciente de que em determinada situação
aquilo traduz uma realidade na qual eu vivo ou o outro vive. Se quero afirmar a “minha” verdade perante o outro inevitavelmente estarei
negando a verdade do “outro” e isto por
si só gerará conflito.
Nas conversações corajosas quando
ambos somos verdadeiros e amorosos surge a possibilidade de juntos resolvermos
a situação criando uma terceira “verdade” (possibilidade) comum.
Mas há que se ter a coragem de “ter
a conversação corajosa”. O famoso ditado
“conhecei a verdade e ela vos libertará” faz todo o sentido ao desmancharmos
crenças ilusórias que nos limitam ou limitam ao outro e nos impedem de avançar,
mudar ou crescer.
Sermos verdadeiros é uma benção que
nos liberta. No entanto, sermos verdadeiros ao ter conversações corajosas
geralmente coloca-nos (quando a conversa é conosco) ou ao outro na defensiva. A descoberta que fiz e que tenho praticado é a
de ser verdadeiro com amorosidade.
Recordo-me de um trecho de “O
livro tibetano do morrer e do viver” de Sogyal Rinpoche, que desde 1999 me
marcou profundamente com relação à amorosidade: “Como disse Stephen Levine:
Quando seu medo toca a dor de alguém, torna-se piedade; quando seu amor toca a
dor de alguém, torna-se compaixão.”
Sutil mas muito verdadeiro, não? A compaixão nos iguala na condição humana.
Não somos nem superiores e nem inferiores e se a intenção de nosso coração é a
de efetivamente nos ajudarmos ou ajudarmos ao outro a conversação corajosa
acontecerá.
Pronto para ter suas conversações
corajosas?