sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Mais consciência!!!


Quantos de nós não queremos dar um grito de basta?
A maioria das nossas demandas vem do mundo exterior, principalmente do trabalho. Em nome da competitividade e da exigência a que o modelo econômico nos submete perdemos a noção do dizer não.
Inconscientemente, nos transformamos nos mitológicos heróis: super homens e super mulheres. Exaustos da (e na) rotina do dia-a-dia e sempre atendendo a voracidade das demandas profissionais, esquecemo-nos de nossos limites.
Caímos no canto das Sereias modernas, vorazes – modelo empresarial, sociedade de consumo e mídia - a nos pedir mais e mais sem limites aparentes e inconscientemente vamos alimentando este modelo. “Fazer mais com menos, vamos lá! Você consegue”.
O peito se angustia e dói, a alma clama por instantes de paz e conexão conosco mesmos, mas adormecidos pelo canto doce do modelo em que estamos inseridos, nos negamos à consciência de quanto isto tudo nos incomoda e machuca.
Machuca nossa essência que anseia por dizer: basta!
Machuca nossa alma que tem fome de outras demandas também relevantes. Um tempo para nós mesmos. Um tempo para relacionar-se com amigos dos quais sentimos legítima saudade e para os quais não temos disponibilidade porque consumimos todo nosso tempo no atendimento das demandas profissionais. Fazer mais, fazer mais sempre e sempre.
Afinal não custa estender a jornada de trabalho por mais três ou quatro horas além de seu término. Não custa encaixar uma reunião a mais no tempo exíguo que se já não tem sequer para nós mesmos.
Não custa atender àquela demanda que faz com que a hora do almoço fique reduzida ao lanche rápido, não custa atender aquele telefonema no meio da noite que vai nos privar de estarmos plenos com nossas famílias.
E a vida prossegue dia após dia e o grito entalado de que este modelo precisa ser repensado, pois não é justo e nem atende à nossa integridade e à integralidade como seres humanos não sai de nossas bocas!

Basta!

domingo, 3 de maio de 2009

Dedicado a Chagdud Tulku Rinpoche


07h00. Começo a caminhada matinal. Não quero apenas caminhar, mas meditar caminhando. Inicio a respirar com ritmo. O ar entrando nos pulmões favorece a clareza mental e acalma as emoções.
E então não sei de onde surge uma saudade imensurável. Um vazio aparentemente inexplicável. Caminhando e respirando entro em contato com o meu sentir e sinto falta. Falta de meu lama Chagdud Tulku Rinpoche.
“Visto que, a não ser que ouçam os sentimentos, a ignorância não pode ser dissipada, acendem vocês a lâmpada do Darma repetidamente?”
Rememoro que tive a felicidade de conhecer e poder receber ensinamentos de um mestre cuja amorosidade e presença foram tão marcantes em minha vida quanto um relâmpago na escuridão.
De repente parece-me sentir falta de uma conexão com meu lama e examino esta primeira crença. É limitante ou potencializadora? Depende do prisma que eu a enxergar. Se a olhar como meu lama cortando sua conexão comigo ou eu mesmo perdendo minha conexão com ele é limitante. Porém, se a olhar como um sinal de alerta de que não estou atento a esta conexão ou que não estou cuidando dela como deveria aí a crença é potencializadora.
Pode alguém perder uma conexão já estabelecida? Sim, se dela abrir mão. Se dela não cuidar como em qualquer outro relacionamento.
Definitivamente não quero abrir mão desta conexão tão vital pra mim como o ar que respiro. Examinar crenças foi algo que aprendi com ele.
“Conseguem romper as amarras do seu aprisionamento e apego a todos os outros atos, impermanentes e ilusórios, desta vida?”
Por outro lado, questiono: nesta falta que sinto existe apego, ou saudade? É a saudade um apego? Apego para mim está ligado a posse ou propriedade e sei que isto não tenho ou não posso ter neste tipo de relação. A saudade para mim é falta, falta no sentido do reconhecimento do que existiu. A saudade é para mim como uma reverência, um re-conhecimento do que se experenciou e a felicidade por ter podido vivenciar. Gratidão ligada à saudade. Gratidão por ter tido a oportunidade. Gratidão por renunciar ao apego.
“Visto que não existe oportunidade para felicidade duradoura no ciclo da existência, a atitude sublime da renúncia desponta em seu contínuo mental?”
Caminho, respiro e sinto em meu coração muito amor. O sentimento é doce como o mel. Poder relembrar o que houve só no reconhecimento e na gratidão sem a amarra da cobrança e do ter que ter a posse, é libertador.
Ele era detentor de uma clareza e de uma compaixão exponenciais. Sorriso iluminador, perspicácia de ler e ver o que não se lia e via, revelando maestria em cada palavra em cada ensinamento. Um sorriso aberto e uma gargalhada inspiradora...
“Para serem protegidos do sofrimento deste ciclo de existência, deixam vocês de causar danos a outros, assim como qualquer coisa que possa levar a isso?”
Continuo a caminhar e a meditar mais um pouco, mas agora sei que esta conexão é. Simplesmente. Está ali alojada no “lado esquerdo do peito” onde se guarda os amigos e se reverencia com respeito e humildade o que é. Sinto-me feliz e aliviado. Coração aquecido.
“Com seus méritos e riquezas, reais ou imaginários, acumulados, fazem oferendas para aperfeiçoar a acumulação do mérito?”
Dele recebi e a ele e a todos os seres dedico.
OM! Na mente de meu Guru eu me dissolvo como uma ilusão da individualidade na realidade do todo maior;
AH! Na voz de meu Guru eu me acalento na intenção e na fala do Bodisatva;
HUNG! No coração de meu Guru eu mergulho no amor para a realização das tarefas práticas de meu dia -a-dia com presença mental consciente.

sábado, 28 de março de 2009

Até quando?

Tem certos dias em que a gente acorda se sentindo desconfortável, não?
Pois é! Hoje acordei assim e reflexivo, também!
Nada mais normal que em épocas de crise, como a que estamos atravessando agora, que o desconforto aumente.
Em minha prática como consultor, professor e coaching, pessoas compartilham comigo esperanças e desesperanças.
Muitos não mais querem estar inseridos neste modelo de sociedade de consumo ou neste modelo de relacionamento profissional de emprego existente que os obriga a ser super-homens ou super-mulheres o tempo todo.
E o discurso se repete no meio profissional, propagando e alimentando o padrão quer seja por meio de cobranças hierárquicas ou por programas de treinamento, desenvolvimento ou coaching.
“E, eu”? Me perguntam. “Com tantos problemas, responsabilidades, demandas e cobranças quando vou poder me preocupar comigo mesmo. Olhar para mim sem as “máscaras” e sem os “ter que” podendo ser apenas “ser quem eu sou”. " Há vida la fora, estou cansado e não sei o que fazer”.

Busquei em mim algumas respostas. Afinal como seres humanos, todos somos muito iguais em vícios e virtudes. E como coach, aprendi que perguntas bem formuladas são como "spot-lights" que iluminam lugares escuros...


O que nos impede de dar aquela guinada que sabemos será preciosa para que sejamos fiéis a nós mesmos, para que nós sejamos nós mesmos?
Resposta imediata: os medos.
Tento entrar em contato com eles... O medo de “não ter”. Este foi o primeiro que apareceu.
Não ter dinheiro; o medo de dizer não, foi o segundo.
Então, isto nos leva a nos submeter ao emprego que não queremos mais, ao chefe ou ao cliente que não tem conosco a mesma reciprocidade, reconhecimento ou parceria, a trabalhar por um valor menor, a viajar para trabalhos em outros locais quando não temos a menor vontade, etc...
E, em função disto, nos submetemos, nos submetemos, nos submetemos num passar infindável de dias, meses e anos, até que, de repente, acordamos como se fosse de um pesadelo, perguntando-nos se não será ou sentindo ser tarde demais.
Como ouço das pessoas a seguinte afirmação: “não tenho sequer mais tempo para me relacionar com amigos que me fazem bem”.
Falta-nos a coragem necessária para dar o passo e fazer a escolha. Por que? Porque sentimos o medo de não ter ou de dizer não e perdermos o que temos.
Aí se estabelece um círculo vicioso. Medo de não ter e ou perder o que já temos, medo de não poder manter o status, os bens e posses.
E aí agüentamos...Mesmo que nossas almas nos digam que já basta, que a trajetória tem de ser mudada, que não estamos ou somos felizes. Escutamos aquela voz interior que aparece para nos alertar e a descartamos rapidamente. Não queremos ouvi-la.
No fundo, no fundo, sabemos que ela tem razão. Na tentativa de não perder, por medo, “o ter” vamos perdendo “o ser” e com ele às vezes nossos relacionamentos com cônjuges, filhos, amigos, nossa alegria de viver e nossa saúde.
Mas não importa. Continuamos, ora!
Em nome do “ter”, pelo medo, abrimos mão do “ser”.
Até quando?
Talvez boas perguntas aqui sejam as seguintes:
O que não quero mais para mim? O que quero no lugar disso?
O que tenho de fazer diferente do que faço hoje?
O que tenho de deixar de fazer para conseguir o que quero?
Quais são os pequenos passos que posso dar, de imediato, para começar a alcançar o que quero?
Mãos à obra!


Ricardo Farah

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Uma abordagem reflexiva sobre um momento de crise.


Você perdeu o emprego? E agora está pensando no que fazer? A preocupação em “arrumar” outro emprego é natural. Afinal as contas a pagar estão aí e a briga pela sobrevivência também.
Você, com certeza, já ouviu falar que o sinônimo de crise é oportunidade, não é mesmo?
Então que tal aproveitar a crise para olhar um pouco para você também?
Em outros termos, pegar a trilha em busca de você mesmo!
Creio que as primeiras reflexões devem estar ligadas a como está sua rede de relacionamentos e seu marketing pessoal.
Assim, a primeira coisa que nos ocorre é a de que é difícil mudar quando se vem fazendo a mesma coisa, do mesmo modo a vida toda, não?
Pois bem, passou a “ressaca” da notícia da perda do emprego e a vida tem que continuar.
Arregace as mangas e vá à luta!
Vamos falar primeiro de Marketing Pessoal e depois de Rede de Relacionamentos.
Neste momento é mais importante você valorizar o ser do que o ter, já que o ser está ligado a qualidades pessoais e profissionais que, nesta hora de transição, podem e devem ser aproveitadas por você, já que se trata de méritos conquistados honestamente.
Pense: o que é seu marketing pessoal, senão o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, desenvolvidas e praticadas por você para manter sua competitividade e empregabilidade ao longo da vida.
Com certeza você já ouviu falar dos 4 P´s de marketing: Produto, Preço, Comunicação e Distribuição.
Pense agora em você como um produto. Qual seu diferencial competitivo? Você tem de achar em seu interior qualidades que você não sabia que possuía.
Lembro-me de uma frase de Zulma Reyo que dizia: “as pessoas suspiram por autoridade mesmo quando lutam contra ela. Adoram que se lhes diga o que está acontecendo e o que fazer, ao invés de por si mesmas, sentir e tentar arriscar um passo original”.
Chegou a hora de você arriscar um passo original!
Faça um inventário de suas competências. Em que você é bom? Reconhecem você sendo bom naquelas competências em que você se reconhece? Da mesma forma que um produto você tem um atributo pelo qual você é reconhecido e diferenciado dos outros. Qual é este atributo? Maestria no que faz, capacidade de comunicar-se clara e assertivamente, liderança, relacionamento interpessoal e trabalho em equipe, agregar valor a tudo que você faz? Pense...
Qual seu nível de autoconhecimento? Você seria capaz de vender um produto que você não conhece profundamente? O quanto você conhece de você mesmo? Hoje as pessoas são reconhecidas, avaliadas e remuneradas pelo seu conjunto de competências. Este é o seu preço enquanto produto: o seu valor percebido pelo mercado.
Muito bem, você fez seu inventário de competências. E agora, o que fazer? Bem, eu lhe pergunto como anda sua capacidade de sonhar?
George Bernard Shaw, escritor, tem uma frase que define muito bem o ato de sonhar: “Você vê as coisas como elas são e você pergunta: Por quê? Mas eu sonho coisas que nunca foram e eu pergunto: Por que não?”
Sonhar é preciso. Quem não sonha não projeta. Quem não projeta não possui um plano de carreira ou mesmo de vida. Os sonhos dão asas ás suas metas!
Por que não tentar algo diferente? Talvez tornar-se empresário de seu próprio talento, talvez ir em busca de outro tipo de trabalho que seja mais significativo para você, talvez associar-se com um outro colega em um área em que vocês detenham maestria e conhecimento e prestar serviços a outros, as possibilidades são muitas!
Você, agora, já sabe de suas competências e tem sonhos. Chegou a hora de falar dos outros dois P´s: comunicação e distribuição. Como você se comunica com os outros e qual seu grau de acessibilidade e exposição? Neste momento sua Rede de Relacionamentos é fundamental para abrir-lhe novas possibilidades. Muito provavelmente seu emprego anterior tenha vindo pela indicação de alguém, não?
Lembra-se do livro “O Pequeno Príncipe”? Seu autor, Antoine de Saint-Exúpery dizia que: “O essencial é invisível aos olhos” e que: “Serás eternamente responsável por tudo aquilo que conseguires cativar”.
Pense: ao longo de sua vida quantos relacionamentos você construiu dentro e fora de seu ambiente de trabalho? Quantos amigos você fez e cativou? É hora de ir à busca deles. Faça uma lista destas pessoas.
Quais seus contatos pessoais: amigos, parentes, colegas, mentores.
Quais seus contatos sociais: clubes, associações, academias.
Quais seus contatos profissionais: parceiros, fornecedores, clientes, concorrentes, antigos colegas de trabalho, superiores, subordinados.
Fez a lista? Não tenha vergonha de pedir-lhes ajuda. Alguém de sua rede de relacionamentos conhece alguém que precisará de alguém como você!
Seja sincero e honesto e certifique-se de quê suas palavras e ações causem um impacto positivo.
E, um lembrete final: auto-estima e auto-conceito não se compram em farmácia. Você tem de tê-los dentro de você. Arregace as mangas e vá à luta!
Ricardo Farah