sábado, 29 de novembro de 2008

Os dois lados da era do conhecimento


É preciso estar atento às informações que nos rodeiam, mas imprescindível nos conceder algumas pausas na correria do dia-a-dia para entrarmos em contato conosco.
As informações estão disponíveis por toda a parte. Segundo levantamento da Faith Popcorn’s BrainReserve, uma reconhecida consultoria de marketing sediada em Nova York, em 1998, a sociedade recebia cerca de 800 informações por dia. Em 2004, esse número passou para 6 mil e hoje o número já deve ter aumentado. Num curto espaço de tempo, as informações tornam-se obsoletas e o ser humano se vê cada vez mais pressionado para garantir conhecimento. Estamos na era do conhecimento. Chegamos ao tempo que, em determinadas circunstâncias, o conhecimento é mais valioso que a habilidade de executar uma atividade. Mas, devemos ter conhecimento do que? Essa é uma importante questão.
Os estímulos externos chegam de diversas fontes, nos envolvem, nos atraem a atenção e nos seduzem. Vivemos numa corrida alucinada pelo conhecimento de tudo, afinal estamos numa era em que este é um atributo imprescindível. Tornou-se questão de sobrevivência. Mas, será que na busca de obter informações e conhecimento não estamos cada vez mais distantes da prática do autoconhecimento, o qual pode nos oferecer um vasto manancial de criatividade para enfrentarmos os desafios do mundo exterior? Creio que todos esses apelos externos que recebemos fazem com que, imersos no mundo das sensações exteriores, percamos o contato com um outro mundo – interior – muito rico.
Diante da alta competitividade, da concorrência acirrada e da necessidade de um diferencial, o homem moderno está esquecendo-se de suas origens e necessidades básicas. É preciso estar atento às informações que nos rodeiam, mas imprescindível nos conceder algumas pausas na correria do dia-a-dia para entrarmos em contato conosco. Você tem claro como está atuando e enfrentando os desafios do mundo exterior: de forma predatória ou construtiva? Está sabendo lidar com maturidade com os conflitos, vendo neles desafios para seu crescimento pessoal e profissional ou está fazendo uso da violência e da agressão para resolvê-los?
Muitas vezes, sem nem mesmo ter consciência disso, as pessoas estão usando sua mente e palavras para destruir ambientes de amorosidade nos lugares onde passam, moram e trabalham. Estão isoladas, ignorando sua natural capacidade de fazer o que é bom ou necessário para si e para os outros. Diante dessas colocações vale questionar se, frente à era do conhecimento, estamos sendo coerentes com nossos valores nas nossas escolhas? Você está fazendo opções motivado pelo medo ou pela coerência com seus valores? Quando relaciono a questão da era do conhecimento com o autoconhecimento acabo levantando todos esses questionamentos. A resposta a estas indagações pode nos fornecer uma ampliação de nossa consciência sobre a maneira como atuamos no mundo e melhor, nos ajudar a agir de forma mais coerente em nosso próprio benefício e das pessoas ou organizações que nos permeiam.


domingo, 23 de novembro de 2008

O Ser Humano como Diferencial Competitivo


Mudanças e mais mudanças. Esta tem sido uma década de grande mudanças que estão ocorrendo nas áreas do conhecimento, nas formas de pensar, nos valores e nas relações de poder entre as pessoas. A palavra de ordem é: é preciso mudar para sobreviver e permanecer competitivo. Mudar métodos de gestão empresarial, mudar processos de gerenciamento de pessoas. Em uma sociedade onde informações surgem com rapidez vertiginosa, a demanda por mudanças cada vez mais velozes e capazes de gerar diferenciais passa a ser um dos principais focos de pressão.
Por outro lado, se pudermos olhar a competitividade como sendo a inovação tornada realidade, assegurando um diferencial competitivo às empresas, podemos deduzir facilmente que todo o diferencial, face à rapidez da informação e ao crescente surgindo de novas tecnologias, é rapidamente igualado pelas empresas no mercado. Assim, o que levava meses e até anos para ser alcançado pelos concorrentes, hoje não é mais uma vantagem competitiva duradoura. Logo, em um mundo onde as vantagens competitivas se igualam em pouco tempo, o principal diferencial competitivo passa a ser o fator humano nas empresas. Este é capaz de enfrentar, com sucesso, a competitividade.
É preciso mudar. Adotar-se “reengenharia”, “quebra de paradigmas”, “inovação”, “criar sinergia”, “teamwork” e quantas outras palavras quisermos acrescentar...
Parece simples, no discurso. Difícil, porém na ação. O processo de mudança começa pelas pessoas. E pessoas não são tão simples quanto aparentam ser. Cobram-se mudanças nas empresas, esquecendo-se de que o principal fator capaz de torná-las permanente competitivas é o fator humano.
Não acredito que se possa desvincular a qualidade das pessoas. Por trás de todos os processos estarão sempre pessoas responsáveis por sua implementação e, até mesmo, controle. Todo e qualquer processo de mudança, para ser efetivo, necessita ser, primeiro, assimilado pelas pessoas. Assim, um bom caminho para enfrentar a crescente demanda por qualidade nas empresas é preparar e instrumentalizar seus colaboradores constantemente.
Para ajudar pessoas em seus processos de mudança, é preciso ajudá-las a se auto-conhecerem. O raciocínio é simples: quanto mais eu me conhecer, saber porque ajo e reajo de certas formas, mais consciente estarei dos meus limites e potencialidades e cada vez mais poderei atuar sobre estes limites e potencialidades, ao invés de ser um mero espectador. Ou vejo a vida passar ou atuo como um agente de mudanças, inclusive facilitando aos esta mesma compreensão. Mas isto requer um envolvimento de minha parte, no sentido de querer fazer a diferença. É algo interior, íntimo, e está ligado à vontade de contribuir. Na vida, sempre posso optar entre fazer ou não fazer a diferença. Isto é consciência. Isto é o ser humano como diferencial.
Que eu possa, primeiro, produzir em mim as mudanças que eu desejo que aconteçam nos outros e na minha empresa. Que o meu nível de consciência permita a percepção de meus limites e de minhas potencialidades nos contextos onde vivo. Só quando eu me conhecer razoavelmente, poderei estar preparado para conhecer e aceitar as potencialidades e limitações dos outros. E só então interagiremos como pessoas plenas, motivadas por estímulos totalmente diferentes dos bem conhecidos por todos nós hoje: medo e pressão.
É preciso haver passado pelos processos de mudança para sermos capazes de repassar aos outros nossas experiências. Na pessoa que já as vivenciou, o discurso não fica só nas palavras. Baseia-se na ação e por isso mesmo lhe confere credibilidade. Esta a diferença: é preciso, antes, dizer eu para poder, com credibilidade, dizer nós e ser um fator humano capaz de mudar outros fatores humanos.
Facilitar ao outro a consciência de suas habilidades, a percepção de suas limitações, é servir de ponte entre o passado e o futuro. É preencher a figura do ser humano / profissional que gera o diferencial competitivo.
Hoje, no ritmo alucinado de nosso dia a dia com clientes cada vez mais exigentes e demandas cada vez mais fortes por parte da direção das empresas - sem esquecer as pressões normais da família e as necessidades materiais de segurança para sobrevivência - , a tendência é seguirmos a correnteza. Sem questionamentos.
A ausência da parada necessária para a reflexão sobre como as mudanças estão nos afetando, afetando o ambiente onde trabalhamos, ou mesmo onde vivemos, nos torna apenas meros observadores passivos, ao invés de participantes engajados nos processos. Provoca a deficiência do auto-conhecimento, tira-nos a visão estratégica do futuro e nos leva à falta do comprometimento e do envolvimento, atributos indispensáveis para fazermos a diferença nos ambientes sonde vivemos.
Como eu vejo o contexto atual, como eu me sinto ou me situo em relação a ele e qual o meu papel frente a esta realidade? Três perguntas simples, mas com grande poder de despertar o auto-conhecimento necessário para ser capaz de torna-me um diferencial competitivo e um agente facilitador de processos de mudanças, descobrindo e incentivando novas maneiras de resolver problemas.
Finalizando esta reflexão, trazemos um trecho retirado do livro Megatrends 2000, de autoria de John Naisbitt e Patrícia Abunderne, editora Amana-Key, falando sobre a megatendência intitulada Triunfo do Indivíduo:” Qualquer pessoa bem treinada pode ser um gerente. Mas um líder é um indivíduo que consegue fazer com que as pessoas o sigam, através de sua conduta ética e sua habilidade de criar um ambiente no qual o potencial único de cada indivíduo possa se realizar”.

Ricardo Farah