sexta-feira, 26 de agosto de 2016



“ Você sabe qual a principal dificuldade do cachorro velho?” ele perguntou-me com seu sotaque belga, e ao escutar o meu não, respondeu-me: “É largar o osso ”.

Esse diálogo aconteceu há anos e desde então me inspira a refletir sobre o que temos dificuldade de largar.
Com seres humanos, quando gostamos ou detestamos algo que conhecemos a partir dos nossos cinco sentidos físicos, imediatamente ficamos apegados a este algo, que pode ser um objeto, um trabalho, uma ideia ou crença, uma relação e assim por diante. Funcionamos assim...
E esquecemos que a vida é movimento e que na paisagem da vida os ventos da mudança sopram a todo o instante.
E quando algo que vem muda algo que temos, resistimos de duas formas: ou rejeitamos o novo na espera de que o que era nosso (apego) no passado retorne ou projetamos para o futuro a expectativa de que o que não é mais hoje, retorne algum dia.
Com isto, deixamos de viver o presente, ou seja, a nova realidade que o presente nos trás e que é a única experiência pela qual temos de passar se quisermos evoluir. Pense nisso: não vivemos o presente por apego ao passado ou projeção ao futuro.
E, olhe que a vida nos envia constantes sinais de que o que estamos vivendo até agora já não mais faz sentido, está se esgotando ou já se esgotou.  Muitas vezes sentimos ou até mesmo intuímos essa realidade mas preferimos ignorá-la.
Olhar para o novo que se apresenta, muitas vezes pode nos deixar com medo porque necessariamente nos tirará da zona de conforto e podemos temer o desconhecido.
Porém, como costumo dizer, esta vida nada mais é do que uma grande escola para apreendermos a lidar com nossos medos. Podemos até repetir de ano, mas se não avançarmos seremos deixados à parte. Quanto mais cedo aprendemos a enfrentar o medo do novo menos sofrimento temos porque, no fundo, este sofrimento está ligado a  ficarmos reféns entre o apego ao velho e o apelo do novo.
Como coach, inúmeras vezes me deparo com esse quadro que é a dança entre a crença limitante a ser trabalhada, e a crença potencializadora que quer emergir.
Tenho aprendido ao longo de meus anos que a Vida é evolução. Aprendi a acreditar nisso e a propagar isso como um chamado e uma profissão de fé...

Qual o osso que você precisa largar?

( Em homenagem à Leon Bonaventure, Chagdud Tulku Rinpoche e Shrii Ánandamúrti).

Ricardo Farah