“ Você sabe qual a principal dificuldade do cachorro velho?”
ele perguntou-me com seu sotaque belga, e ao escutar o meu não, respondeu-me:
“É largar o osso ”.
Esse diálogo aconteceu há anos e desde então me inspira a
refletir sobre o que temos dificuldade de largar.
Com seres humanos, quando gostamos ou detestamos algo que
conhecemos a partir dos nossos cinco sentidos físicos, imediatamente ficamos
apegados a este algo, que pode ser um objeto, um trabalho, uma ideia ou crença,
uma relação e assim por diante. Funcionamos assim...
E esquecemos que a vida é movimento e que na paisagem da vida
os ventos da mudança sopram a todo o instante.
E quando algo que vem muda algo que temos, resistimos de duas
formas: ou rejeitamos o novo na espera de que o que era nosso (apego) no passado
retorne ou projetamos para o futuro a expectativa de que o que não é mais hoje,
retorne algum dia.
Com isto, deixamos de viver o presente, ou seja, a nova
realidade que o presente nos trás e que é a única experiência pela qual temos
de passar se quisermos evoluir. Pense nisso: não vivemos o presente por apego
ao passado ou projeção ao futuro.
E, olhe que a vida nos envia constantes sinais de que o que estamos
vivendo até agora já não mais faz sentido, está se esgotando ou já se esgotou. Muitas vezes sentimos ou até mesmo intuímos
essa realidade mas preferimos ignorá-la.
Olhar para o novo que se apresenta, muitas vezes pode nos
deixar com medo porque necessariamente nos tirará da zona de conforto e podemos
temer o desconhecido.
Porém, como costumo dizer, esta vida nada mais é do que uma
grande escola para apreendermos a lidar com nossos medos. Podemos até repetir
de ano, mas se não avançarmos seremos deixados à parte. Quanto mais cedo
aprendemos a enfrentar o medo do novo menos sofrimento temos porque, no fundo,
este sofrimento está ligado a ficarmos
reféns entre o apego ao velho e o apelo do novo.
Como coach, inúmeras vezes me deparo com esse quadro que é a
dança entre a crença limitante a ser trabalhada, e a crença potencializadora
que quer emergir.
Tenho aprendido ao longo de meus anos que a Vida é evolução.
Aprendi a acreditar nisso e a propagar isso como um chamado e uma profissão de
fé...
Qual o osso que você precisa largar?
( Em homenagem à Leon Bonaventure, Chagdud Tulku Rinpoche e Shrii
Ánandamúrti).
Ricardo Farah