sábado, 28 de março de 2009

Até quando?

Tem certos dias em que a gente acorda se sentindo desconfortável, não?
Pois é! Hoje acordei assim e reflexivo, também!
Nada mais normal que em épocas de crise, como a que estamos atravessando agora, que o desconforto aumente.
Em minha prática como consultor, professor e coaching, pessoas compartilham comigo esperanças e desesperanças.
Muitos não mais querem estar inseridos neste modelo de sociedade de consumo ou neste modelo de relacionamento profissional de emprego existente que os obriga a ser super-homens ou super-mulheres o tempo todo.
E o discurso se repete no meio profissional, propagando e alimentando o padrão quer seja por meio de cobranças hierárquicas ou por programas de treinamento, desenvolvimento ou coaching.
“E, eu”? Me perguntam. “Com tantos problemas, responsabilidades, demandas e cobranças quando vou poder me preocupar comigo mesmo. Olhar para mim sem as “máscaras” e sem os “ter que” podendo ser apenas “ser quem eu sou”. " Há vida la fora, estou cansado e não sei o que fazer”.

Busquei em mim algumas respostas. Afinal como seres humanos, todos somos muito iguais em vícios e virtudes. E como coach, aprendi que perguntas bem formuladas são como "spot-lights" que iluminam lugares escuros...


O que nos impede de dar aquela guinada que sabemos será preciosa para que sejamos fiéis a nós mesmos, para que nós sejamos nós mesmos?
Resposta imediata: os medos.
Tento entrar em contato com eles... O medo de “não ter”. Este foi o primeiro que apareceu.
Não ter dinheiro; o medo de dizer não, foi o segundo.
Então, isto nos leva a nos submeter ao emprego que não queremos mais, ao chefe ou ao cliente que não tem conosco a mesma reciprocidade, reconhecimento ou parceria, a trabalhar por um valor menor, a viajar para trabalhos em outros locais quando não temos a menor vontade, etc...
E, em função disto, nos submetemos, nos submetemos, nos submetemos num passar infindável de dias, meses e anos, até que, de repente, acordamos como se fosse de um pesadelo, perguntando-nos se não será ou sentindo ser tarde demais.
Como ouço das pessoas a seguinte afirmação: “não tenho sequer mais tempo para me relacionar com amigos que me fazem bem”.
Falta-nos a coragem necessária para dar o passo e fazer a escolha. Por que? Porque sentimos o medo de não ter ou de dizer não e perdermos o que temos.
Aí se estabelece um círculo vicioso. Medo de não ter e ou perder o que já temos, medo de não poder manter o status, os bens e posses.
E aí agüentamos...Mesmo que nossas almas nos digam que já basta, que a trajetória tem de ser mudada, que não estamos ou somos felizes. Escutamos aquela voz interior que aparece para nos alertar e a descartamos rapidamente. Não queremos ouvi-la.
No fundo, no fundo, sabemos que ela tem razão. Na tentativa de não perder, por medo, “o ter” vamos perdendo “o ser” e com ele às vezes nossos relacionamentos com cônjuges, filhos, amigos, nossa alegria de viver e nossa saúde.
Mas não importa. Continuamos, ora!
Em nome do “ter”, pelo medo, abrimos mão do “ser”.
Até quando?
Talvez boas perguntas aqui sejam as seguintes:
O que não quero mais para mim? O que quero no lugar disso?
O que tenho de fazer diferente do que faço hoje?
O que tenho de deixar de fazer para conseguir o que quero?
Quais são os pequenos passos que posso dar, de imediato, para começar a alcançar o que quero?
Mãos à obra!


Ricardo Farah